terça-feira, 7 de abril de 2015

[Review] Miracleman #2

Miracleman #2 - Panini

Continuando o que foi mostrado na primeira edição da revista, onde acontece o renascimento/regresso de Mike Moran como Miracleman, a edição começa com uma cena na casa do herói, mais precisamente no quarto do casal Mike e Liz Moran. Sua esposa ainda tentando digerir a história revelada a ela pelo seu marido que dorme tranquilamente, como em muito tempo não se via. Liz reluta em acreditar que o homem com quem vive a 16 anos seja um super herói. Ela não fazia ideia e nem tinha motivos para acreditar em tal história. Até a noite passada. Ainda buscando por afirmação de não estar sonhando, ela perambula pelo apartamento, tocando cada móvel, sentindo cada cheiro que lhe dê a percepção da realidade.

O telefone toca, Liz atende. E a partir daí começa a se desenrolar a história, e varias surpresas  (ou não) começam a decorrer. Ao começar pela pessoa que faz a ligação. Johnny Bates o antigo Kid Miracleman e amigo de Mike. Vamos lá, na década de 50 e 60 Johnny Bates, Dicky Dauntless e Micky Moran faziam parte da família Miracleman. Os dois primeiros recebiam os poderes ao pronunciar o nome do nosso herói principal, ao invés de Kimota. Como os fatos mostram na primeira edição, Mike acha que seus dois amigos morreram na explosão da belonave que flutuava a orbita da Terra em 1963, no qual o próprio perdeu a memória após ser atingido no evento.

Porém aparentemente o jovem Johnny sobreviveu ao ocorrido, e além disso se tornou um grande empresário no ramo da computação. Sua companhia tem uma marca respeitada, sua empresa possui filiais em várias partes do mundo. Bates convida o casal para um almoço na sua empresa, para colocar o papo em dia com seu velho companheiro e contar os fatos que se sucederam em sua vida após o fatídico acidente. Hoje em dia, um homem de renome internacional e rico, Johnny diz que já não possuí os poderes de antigamente e conta como foi sua alçada ao sucesso. Mike presta muita atenção no papo desferido pelo agora não mais tão jovem, porém imponente e galã Johnny Bates. 

Mike não fica convencido dos relatos contados, e várias hipóteses começam a aflorar em sua mente. "E se Johnny não perdeu realmente os poderes?" , poderia ter se utilizado de seus dons e se aproveitado da 'morte' de seus companheiros para subir na vida, conseguir sucesso?

Talvez sejam só coisas de sua cabeça. Talvez não.

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Assim se inicia o plot trazido nesta edição de Miracleman. Alan Moore faz um trabalho primoroso na caracterização dos personagens, nos diálogos e na narrativa da história. Vamos conhecendo os protagonistas aos poucos e ao mesmo tempo nos identificando com alguns deles. Juntamente com a arte de Gerry Leach, a obra toma contornos cinematográficos. Nada é colocado ali para preencher um espaço vazio, tudo faz sentido, e a colorização dá um toque especial de realismo aos desenhos. Cada movimento, cada fio de cabelo, cada expressão facial é desenhada com primor que prende a atenção do leitor.

Podemos ter um vislumbre do que será o vilão da saga. E que vilão. Cruel, sem escrúpulos, sem piedade, esse sim merece com certeza ser chamado de vilão. Além disso, ele consegue assim mesmo provocar emoções distintas com o público. Faz o temermos realmente pela sua imposição,poder e maldade, mas também nos cativa pela sua coragem, determinação e classe. Você percebe que ali tem muitas coisas mal resolvidas com o tempo, muitos sentimentos reprimidos que farão parte da relevância do caráter do personagem para a trama.

Surge também um novo personagem na saga. Moore logo na segunda parte da revista (Originalmente Warrior #4) já introduz o tema viajem no tempo. No futuro 1985 vemos Miracleman e outro herói misterioso chamado Ferreiro Cósmico (isso mesmo, Ferreiro) tendo que fazer uma viajem ao passado para consertar algo terrível que está acontecendo no presente deles.

Esta parte é desenhada por Steve Dillon, e percebe-se uma queda de qualidade na arte, pelo menos na minha opinião. O realismo se perde um pouco, a anatomia dos desenhos soa meio estranha, mas o colorista é o mesmo então a arte não deve atrapalhar muito a leitura muito menos o desenrolar da trama.

Em resumo uma obra de tremenda qualidade e temos motivos de sobra para sermos felizes de estar sendo publicada na íntegra nos mesmos moldes americanos aqui no Brasil. Vale muito a pena acompanhar esta saga, que só melhora com o andar das edições.


Nota: 

9,5/10 (Excelente)


E se você gostou do Review comente, se não gostou também comente e fale os pontos negativos, sua opinião é importante.





Esmeralda Comics (Visite o Site)











domingo, 5 de abril de 2015

Miracleman - Review

Kimota!!

A origem do Capitão Marvel, Shazam!, Marvelman, Miracleman...


Na década de 40 nos Estados Unidos era publicada uma história em quadrinho que fazia muito sucesso. O nome do herói que vendia, e se popularizava mais que o Superman, era Capitão Marvel. Um simpático garotinho chamado Billy Batson ,que trabalhava como repórter de rádio, recebeu poderes muito especiais devido a sua bondade de um antigo mago, Shazam , ao pronunciar a palavra Shazam! Billy deixava de ser um garoto e se transformava no defensor dos fracos e oprimidos Capitão Marvel. Com a ascensão da publicação pela Fawcett Comics a DC Comics, que na época era a National Comics, vendo que as vendagens de seu maior ícone (Superman) estava ficando para trás resolveu entrar com um processo contra a Fawcett  Publications alegando plágio de seu personagem. E você sabe como é a justiça não é, pois bem o julgamento se alongou por incríveis  12 anos e em 1953 a Fawcett parou as vendas de quadrinhos por não estar mais dando o lucro esperado, e com o acordo, o final do processo chegou também com a DC obtendo os direitos do personagem fora dos tribunais. Acontece que na Inglaterra havia uma editora, a Len Miller com sede em Londres, que republicava as histórias do Capitão Marvel da Fawcett, o qual fazia (também) grande sucesso entre os jovens ingleses. E devido ao acordo entre Fawcett e DC Comics e todas as brigas judiciais, a editora foi obrigada a tirar de circulação a revista do Shazam! por lá também. 

E ai veio a questão: O que fazer para manter o público e as vendas de um personagem tão adorado que não nos pertence mais? Foi ai que Miller chamou um jovem escritor e desenhista inglês, Mick Anglo, incumbido da missão de criar um personagem que vendesse tanto quanto o herói americano. Assim, de uma forma bem plagiosa  (se é que existe esta palavra), Anglo fez sua própria versão do Capitão Marvel, mudando o uniforme, nome, e alguns outros aspectos. Nasce, Marvelman o alter ego de Micky Moran, um garoto que trabalhava em um jornal e ganhava super poderes ao falar a palavra Kimota! (Atomic, ao contrário).

Basicamente e resumidamente essa é a origem do personagem, que mais tarde nas mãos de Alan Moore recebeu o nome de Miracleman. Duas fases do personagem, na década de 80, merecem uma atenção especial do público ligado aos quadrinhos. A primeira é a fase que estreou em março de 1982 na revista Warrior, ela é escrita pelo consagrada Alan Moore que revolucionou o personagem e não somente isso, com essa publicação revolucionou o gênero de super herói, com uma nova forma de olhar e escrever as histórias. A segunda fase é a escrita em 1985 pelo também renomado Neil Gaiman. Fase a qual nem foi finalizada na época.

Pois bem, fora todos os problemas judiciais citados e os não citados, a Marvel Comics adquiriu os direitos de Miracleman e em janeiro de 2014 começou a publicação mensal do personagem lá fora. E menos de um ano depois a revista chega ao Brasil. Mas com algumas ressalvas. ao invés de começar a contar novas histórias ou reinventar a origem do personagem, a Casa das Ideias decide re-publicar o material escrito por Moore, o mesmo escrito na década de 80. Porém sem mencionar o nome do roteirista, que não quis que fosse, ao invés de Alan Moore aparece "O escritor original".

Além disso a fase de Gaiman também será republicada na íntegra, e mais , ela será finalmente finalizada. Aqui no Brasil a revista causou controvérsia antes mesmo de ser publicada, por causa da formatação de publicação, muitos queriam que fosse um encadernado de capa cartonada e papel bonito, pelo menos, por se tratar de um material de fundamental importância histórica. Mas a Panini resolveu publicar mensalmente o personagem, com um papel melhor que o jornal utilizado nas mensais comuns mas obviamente inferior ao LWC dos encadernados. Mesmo assim vale a pena colecionar pela importância dessa HQ e acima de tudo por se tratar de um material de alta qualidade de roteirização e desenhos fantásticos.

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O primeiro número que saiu por aqui ainda em 2014 contém várias histórias. Miracleman de 1985, a fase de Moore de 1982 da revista Warrior, que será a que continuará ao longo dos outros números, algumas histórias de Mick Anglo da década de 50 em preto e branco, além de vários extras como; Capas alternativas, esboços do desenhista, uma Origem resumida do Marvelman, e uma entrevista feita por Joe Quesada (diretor criativo da Marvel) e Mick Anglo.



A história principal é a já citada várias vezes acima, a fase Alan Moore. Tudo começa em um sonho, nele Micky Moran aparece caracterizado como Miracleman lutando ao lado de seus antigos aliados no espaço, até que algo terrivel acontece e Micky acorda. Ele não se lembra de ser Miracleman, nem se lembra da palavra mágica que lhe dá os poderes, apenas sonha o mesmo sonho seguidamente. 
Ao cobrir uma inauguração como repórter freelance que é, Mike e os demais no local se deparam com o terror. Bandidos armados de metralhadoras adentram o local fazendo das pessoas reféns, e alegando que vieram roubar plutônio da centra energética do local. Mike sofre uma crise de enxaqueca e cai no chão, com muita dor, sofrendo muito, imagens começam a invadir sua mente, ele olha para uma porta a qual contem um dizer no vidro, ele consegue lê , e de repente ao notar a palavra Atomic no vidro se lembra e pronuncia a palavra Kimota!


Pronto, Miracleman está de volta....


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Roteiro muito bem produzido por Moore, bem fluente, sem cansar o leitor. Além de não desconsiderar as histórias clássicas do herói dos anos 50 e as características principais do personagem. Os desenhos são fabulosos Gerry Leach fez um trabalho fenomenal, conseguiu passar movimentos a história, as expressões dos personagens são bem realistas e com ótimos detalhes. Logo logo, as outras edições terão reviews por aqui também.

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Nota:

9,5/10 (Excelente)

Vale e muito a pena conferir. Não pode faltar na coleção de ninguém.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Review - O Julgamento de Jean Grey (Novíssimos X-Men)

Publicação e Premissa 





As edições 16 e 17 da revista mensal dos X-Men aqui no Brasil trazem um arco muito especial apara os fans da franquia. Após os eventos de A Batalha do Átomo, praticamente tudo foi reformulado nos títulos mutantes. Os x-men originais do passado, juntamente com Kitty Pryde, agora estão ao lado de Ciclope na Nova (e Secreta) Escola Xavier para Jovens Superdotados ,tendo deixado a equipe de Wolverine e Tempestade. X-23 (Laura Kinney,clone feminino de Wolverine) que recentemente foi salva da perseguição de um grupo extremista religioso e anti-mutante, agora faz parte da equipe comandada pela Lince Negra. 

Após os últimos embates da equipe de X-Men originais, a poeira aparentemente baixou, e tudo vai indo muito bem na Escola Xavier...aparentemente. A situação muda de caráter quando uma nave misteriosa pousa no quintal da base secreta mutante, falando uma linguagem desconhecida dos humanos e portando armas de alta tecnologia ,o pânico logo se instala na escola. Até este momento ninguém fazia a menor ideia do que se tratava a invasão, e nem deu tempo de pensar em nada ao certo. Rapidamente os alienígenas neutralizam os poderes dos mutantes e capturam Jean Grey, deixando os outros sem a menor chance de reação. Tudo acontece rápido de mais e sem explicação alguma.

Minutos depois, aparece outra nave no céu da escola. Quando os tripulantes descem da nave...são nada mais, nada menos que os Guardiões da Galaxia. Eles perguntam aos mutantes, se chegaram tarde demais ao local. Com isso tem inicio a primeiro crossover entre os X-Men e Os Guardiões da Galaxia.
Acontece que a noticia de que os X-Men originais estão no presente se espalha muito rapidamente pelos confins do universo, chegando até os conhecimentos do Império Shiar. Anos atrás quando a Fênix tomou o lugar de Jean Grey nos X-Men (até então se pensava se tratar da própria Jean Grey dominada pela Fênix) e se tornou a Fênix negra, ela acabou indo ao espaço e destruindo uma estrela a qual orbitava um planeta que acabou sendo consumido pela explosão. Como resultado, milhões de habitantes deste planeta acabaram morrendo*. 

Sabendo que a (suposta) responsável por este ato terrível, está viva e na nossa linha temporal, o atual majestor  do império Shiar, Kallark, convoca uma reunião com a presença dos principais líderes do universo. Ele deseja trazer a jovem Jean Grey a julgamento, por este ato cometido anos atrás. Porém J'Son rei de Spartax e pai de Peter Quill, Star Lord, se opõe a Kallark alegando que a jovem vinda do passado não pode ser julgada por um crime que ainda nem cometeu. Kallark ou Gladiador, como é conhecido pelos X-Men, não dá ouvidos a J'Son e parte para a ofensiva capturando e prendendo Grey para um posterior julgamento na capital do império Shiar.

Após inúmeras invasões alienígenas sofridas pela Terra, os Guardiões da Galaxia, vêm monitorando os sistemas de comunicação de vários impérios intergalácticos para ficar por dentro e tentar impedir uma possível nova investida contra o planeta. Em um desses monitoramentos Rocky Raccoon o "guaxinim falante", capta uma transmissão feita pelos Badoons em que seres da raça conversam sobre um possível sequestro de Jean Grey por parte do império Shiar. Tentando evitar o pior, o grupo parte em direção à Terra para tentar impedir os alienígenas.

Opinião:


A premissa é tão simples quanto o nome, levar Jean Grey a julgamento. Só que pra mim não colou. Isto é uma opinião pessoal, porque se você parar pra pensar um pouco, isso já aconteceu, não tem porque repetir de novo. Na Saga da Fênix Negra, Lillandra (que era ,na época, majestrix do império Shiar) captura Jean Grey (Fênix), que é julgada culpada e tem sua pena de morte decretada. Obviamente os X-Men junto com o Professor Xavier não deixam que ela seja executada e promovem um embate épico ,na Lua, contra a Guarda Imperial. Se os X-Men vencessem Jean seria poupada. ao final da saga a Fênix (na forma de Jean) acaba se suicidando pelo bem de seus colegas mutantes. Uma grande saga que ficou marcada para sempre nas histórias das HQ's. 

Pra mim, ficou muito, mais do mesmo. Na minha opinião tanto esse arco como a Batalha do Átomo poderiam, e deveriam, ser melhores desenvolvidos. 

Não que a saga seja ruim, ela é até bem desenvolvida dentro da sua proposta, tem belos momentos e muitas consequências legais para a continuação do título, porém ficou uma sensação de faltou imaginação na hora de fazer algo novo.

As cenas de ação são ótimas, os diálogos são bem humorados e essa união dos Guardiões e X-Men casou perfeitamente com o tom das histórias dos dois grupos. Se tratando de uma quantidade bem grande de personagens é claro que nem todos foram tão bem explorados ou retratados como outros, faltou mais Groot e X-23 na minha opinião, os dois ficaram bem de fora da trama levando até a um dialogo do Star Lord na parte final da trama bem engraçado sobre isso. O Homem de gelo como sempre muito bem fazendo sua graça, e desta vez não ficou cansativo como outras vezes. A Ângela, nova integrante dos Guardiões teve grande participação, e a personalidade dela e a ideia de que ela acabou de chegar neste universo foi muito bem explorada.

Os desenhos nem preciso falar, ótimos como sempre. Mesmo se tratando de títulos diferentes tanto quanto Immonem (X-Men) quanto Pichelli (Guardiões) não deixam devendo um para o outro e o leitor nem nota muita diferença entre as publicações.

Resumindo, os prós são bem maiores que os contras e eu gostei bastante. Uma saga imprescindível em termos de cronologia e consequências  que irão repercutir muito ainda.


Nota: 

7,5 / 10  (Bom)

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*Fatos mostrados em A Saga da Fênix Negra. Nesta época a entidade cósmica Fênix estava vivendo no lugar de Jean Grey, que estava em uma espécie de casulo sob a Baía da Jamaica em Nova York, desde uma missão espacial feita pelos X-Men.

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Imagens